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Pecado da Preguiça

From the flats and the maisonettes they're reminding us there's things to be done. But you and me, all we want to be is lazy. --- pecadodapreguica(arroba)gmail.com

Tuesday, July 31, 2007

I´ll be a knight of cydonia once again



Muse, dia 6, no Madison Square Garden. Eu vou.

Sunday, July 29, 2007

Patrica’s Magical Mistery Tour


Sete dias para fazer uma volta a um mapa muito particular. O meu. O ponto de partida foi o Porto para pedalar com mais seis mil pessoas desde Gaia até à Ponte da Arrábida. Foi só há sete dias, mas aconteceu tanta coisa em 168 horas que a pedalada com a minha energia parece que foi há sete semanas. Na Invicta, o que custou não foi o percurso de 11 quilómetros mas o facto de, a cada engano numa rua, ter dado a volta à cidade para voltar ao ponto de partida. A tournée Patrica prosseguiu em direcção a Paris com destino à Disneyland. Três dias, duas noites no mundo da fantasia para re-descobrir a minha infância e deixar marcas na imaginação, na memória e no corpo. Graças à montanha russa “Space Mountain”, tenho duas nódoas negras nas pernas de tanta força que fiz para não sair do lugar. Em toda a viagem pela Disney, a única vez que disse uma asneira foi na “Space Mountain” e logo no arranque. Abri o vernáculo, disse uma das cabeludas e ouvi a minha companheira de aventura dizer: “Abre os olhos!”. Foi o que fiz e vi uma viagem a alta velocidade pelo espaço com cometas, planetas e nébulas. Perdi um medo a bordo da “Space Mountain”. Tenho fotografias com a Minnie, o Donald, o Tico e o Teco. Apaixonei-me pelo Tarzan e encantei-me feita gata borralheira com o castelo mágico. De regresso a Lisboa, enfio-me num carro em direcção ao Algarve... ao Allgarve. Objectivo Nelly Furtado cumprido, descubro o Alfa pendular numa saída improvisada de Albufeira. O conforto da classe turística é maravilhoso e antes de me “apagar”, tive de mostrar o bilhete ao “pica” de serviço que cheirava a refugado... às sete da manhã. Acordei no Pinhal Novo a 130 quilómetros por hora. A semana acaba como começou... com um passeio de bicicleta, mas troquei o Rio Douro pelo Tejo como cenário.

Adenda: Na sexta, enfiei-me num Megane maravilhoso com um peixinho por companhia, uma linda rapariga e um tal de Cardeira que domina consumos de combustível.

One of the guys


O meu bom amigo LC uma vez disse que eu era “muito gajo”, um dos dele, “one of the guys”. Fiquei furiosa quando ele me disse isto da primeira vez. A fúria entretanto passou-me. A última vez que ele me voltou a falar da minha questão de género, falávamos de Playstation 3 e prendas de casamento. De facto, se eu me casasse e me dessem a nova consola da Sony, daria pulos de alegria. Verifico o meu género e ainda sou menina. Sim, gosto de futebol, do chamado “ir à bola”, adoro ver filmes de acção e ver provas desportivas. Nova vistoria ao género... ainda sou rapariga. A seguir falámos de Sport TV e ele voltou a dizer: “És muito gajo”. Pois bem , o “gajo” que há em mim é mais um orgulhoso assinante da Sport TV.

Não que isto interesse muito, mas cá vai:

Ontem quem me segurou a porta da loja da Apple em Prince Street foi a Whoopi Goldberg.

He's not Spider Pig anymore, he's Harry Plopper



Eu sou alguém que, correndo o risco de corroer todas as minhas entranhas, bebeu um Squishee azul ao pequeno-almoço por pura devoção aos Simpsons. Posto isto, não sou a melhor pessoa para fazer uma crítica imparcial ao filme. Eu adorei e acho que foram brilhantes na maneira como passaram para o grande ecrã. Saí com um quentinho por dentro - para o qual também contribuiu o facto de ter tido, in loco, uma das personagens do filme sentada atrás de mim. Pois é, um tipo incrivelmente parecido com o Homer Simpson ocupava cerca de uma cadeira e meia na fila de trás. Muito pitoresco, sim senhor. Pena ele ter ressonado alto e bom som durante metade do filme.

A Roda dos Alimentos


No intervalo de uma das minhas aulas:

Prof: "O que é que estás a comer?"
Eu: "É um iogurte. Um iogurte grego com mel. É o meu almoço".
Prof: "Isso é mesmo coisa de europeu. Nunca percebi. Porque é que não comes antes um gelado?"
Eu: "Desculpe?"
Prof: "Um gelado. Nunca percebi porque raio há uma pessoa de comer um iogurte quando existem gelados. É a paranóia das dietas?"
Eu: "Não.... Um iogurte e um gelado são simplesmente diferentes.... O sabor, a textura. Por exemplo, eu não como gelado ao pequeno-almoço"
Prof: "Porquê??"
Eu: "Erm... Porque é muito forte. Sei lá. Não os acha diferentes?"
Prof: "Não faço ideia. Nunca comi um iogurte na vida. Acho-os uma parvoíce".

Desisti de falar de comida com o meu professor quando percebi que ele, que é grande fã de "portuguese bread" (que é o Pão-De-Ló), acha que nós usamos esse bread para fazer sandes e assim.

Note to self:

What doesn´t kill you, makes you stronger. Em Setembro logo conversamos. Se calhar como nunca conversámos antes. Hmm?

Ainda Chicago


Foi lá que descobri o quanto gosto de Edward Gorey.

"Chicago" ou "Tony Soprano, Putas Ruivas e Batmans disfarçados de Oprah"

Diz que o Batman estava a filmar a sua nova sequela para os lados do nosso muy posh hotel. Eu não o vi. Bom, a não ser que estivessem disfarçados de Oprah look-alike: além de estarmos na cidade onde reina a senhora Winfrey, estavamos a dois passos d' "A Cor Púrpura"(um musical produzido por ela) e as fãs acérrimas que se passeavam na rua numa dinâmica "talk to the hand!" eram mais do que muitas.
Chicago é uma cidade mais americana do que Nova Iorque: tem menos mistura de raças e mais americanismos como aqueles que se vêm nos filmes. E isso não é mau. Poder passear numa roda gigante à beira-rio plantada, enfiar a cara numa costoleta do tamanho da mesa (ah valente!) ou visitar o terceiro edíficio mais alto do mundo (mas com as maiores antenas, como eles algo amuadamente relembraram) tem o seu muito aprazível encanto.
Chicago é também uma das grandes mecas do humor norte-americano (e por extensão, quer se queira quer não, do mundo). Foi aqui que começou malta que veio a fazer História no SNL ou no Daily Show - em muito devido a um mítico clube de comédia chamado Second City. Não vimos o espectáculo propriamente dito, mas fomos até ao Second City Training Center, onde os alunos mostram o que sabem em espectáculos de improviso, sem rede. Houve lugar para alguns espalhanços dolorosos no chão (no auge do desepero por uma gargalhada, já se faziam piadas sobre sexo e drogas com crianças de sete anos), mas seguiu-se um improviso musical de quase uma hora de deixar os queixos caídos no chão. O público gritava o tema, cerca de 15 pessoas em palco cantavam, dançavam e representavam a partir dessa deixa - sempre com piada. Foi assim que toda a gente saiu a cantarolar que a Posh Spice é uma prostituta viciada em crack.
Mas uma visita à cidade não estaria completa sem uma passagem por um clube de blues, para onde três sobreviventes muito ensonadas se arrastaram. Revelou-se, talvez, o melhor da viagem. O Back Room é escondido dos olhares dos turistas e é feito de músicos soberbos, ambiente perfeito, cervejas fresquinhas... e membros da Mafia. Um tal de Jerry, passeando-se com dois gorilas, dominava os poucos metros quadrados do bar como se fosse o Tony Soprano. Tentou pagar-nos bebidas, dissemos que não (será que dar uma tampa a um mafioso conta como desporto radical?) e ele passou para a próxima presa. A rapariga do bar ofereceu-nos uns shots chamados Red Headed Hore e fomos para casa meias tortas. Um final feliz, portanto.

Amigos amigos, Voldemorts à parte


Eu arriscaria, sem grande margem de erro, em dizer que cinco em cada dez pessoas que se passeiam em NY com livros debaixo do braço carregam o último Harry Potter. Isto, aliado à propensão natural dos americanos para meter conversa com tudo o que mexe, levou a que muitos transeuntes viessem ter comigo na rua sempre que eu transportava o meu exemplar (comprado na manhã seguinte ao lançamento, ainda com alguma fila mas já sem cinquentões histéricos com relâmpagos pintados na testa). Se estava a gostar, até onde tinha lido, etc. Esta descontracção é uma das coisas que, sem dúvida, mais aprecio nos nova iorquinos. Mas a verdade é que ao fim de umas quantas ameaças brincalhonas de "então e queres que te conte o fim?" ou "queres saber se ele morre?", eu achei melhor trancar-me em casa a ler de enfiada as 300 páginas que ainda me faltavam. Vá, não fosse eu vazar a vista com uma palhinha do Starbucks a algum conversador.

Não lhe dei moedinha, mas devia

“Please, give me money so I can get so drunk that women take me home and molest me”.

Frase escrita no cartaz de um tipo que estava a pedir dinheiro numa das entradas do Central Park.

Tuesday, July 24, 2007

Barelly Legal




Já não me sinto uma velha rebarbada com pensamentos impuros: o menino do Harry Potter já é maior de idade.


Monday, July 23, 2007

Vício


Chegou hoje... de manhã. Sem apertos nem encontrões.

Aguenta coração!

No meu inconsciente, a Disney tem sido um universo distante e onde há mensagens subliminares de cariz sexual na Branca de Neve. Bom, não é só isso. Sei tudo sobre os escuteiros mirins, devorei almanaques em português do Brasil e do nosso, participei em tudo o que era passatempos do Clube Amigos Disney. Belos tempos em que Júlio Isidro e Manuela Sousa Rama animavam as nossas tardes de domingo que corriam sempre pachorrentos, sempre com os trabalhos de casa feitos para ver o programa na sala com os meus pais e o meu irmão...ele sim, eterno companheiro de leitura de livros do Tio Patinhas. Com a entrada das afilhadas Mathilde e Manon na minha vida, dei por mim a ver filmes da Disney sem querer.... “Bernardo e Bianca”, “Cinderella”, "Peter Pan". Agora sei quem são a Esmeralda e a Ariel e assustei-me com a cena da floresta da “Branca de Neve”. Isto tudo para dizer que amanhã vou estar na Disneyland Resort de Paris e, à beira de fazer os trinta anos, acho que vou chorar durante três dias sempre que vir a Bela Adormecida, ter vontade de apertar o nariz do Mickey, entrar em delírio com as tartarugas do filme “À Procura de Nemo” e procurar uma mão para me amparar sempre que estiver a ver o desfile diário à beira do castelo da Cinderela. Quando regressar de Paris, serei um farrapo emocional. Será que vou conseguir tirar uma fotografia com o Zé Carioca?

p.s.: Sim, eu vi o "Bambi", mas não quero falar sobre isso...

Sunday, July 22, 2007

Bronze


Em duas semanas de Algarve consegui fugir à tradição de ficar igual às inglesas para quem todas as noites são as de "sexta feira". Os vestidos não enganam e a pele também: houve ali pouca protecção solar. Esta manhã, no Porto, o tempo fresco enganou-me ao longo dos onze quilómetros de bike tour. Centenas de pedaladadas depois, cortei a meta como detentora do título "Miss Tomatita", ganho à conta da mancha vermelhinha que é a minha cara.

Friday, July 20, 2007

O que é nacional é bom



Para ver aqui

... Para atingir a tranquilidade que supostamente se atinge com a nossa idade
A verdade é que a saudade do que passou não é mais que muita...
Mas por muita força que faça ela passa por saber que te vivi...
Tu deste tudo e eu joguei, arrisquei e perdi ...

A NY pós-11 de Setembro (2)

Uma pessoa começa a perceber que "já é de cá" quando dá por si também a seguir com o olhar todos os aviões que sobrevoam baixinho a cidade.

A NY pós-11 de Setembro (1)

O que retenho da explosão de ontem em Manhattan foi o facto do enfoque principal da notícia nos canais de televisão ser "por favor, não venham para o local tentar ajudar. As autoridades agradecem mas preferem que se mantenham afastados". Porque é assim que esta cidade funciona, ainda mais depois do 9/11: a primeira reacção reflexa é que as centenas de presentes fujam, mas o verdadeiro movimento migratório é o de milhares de pessoas a porem-se a caminho para ver o que podem fazer. Aqui não se abranda o carro para ver quem espetou o Fiat de encontra os separadores e assim ganhou uma viagem na carrinha do INEM - abranda-se para se ser útil e porque existe uma preocupação genuína. You can always depend on the kindness of strangers. E acreditem que impressiona.

Foto do Gothamist, o melhor site de notícias sobre NY.

E vim eu para o outro lado do Atlântico estudar Argumento

"O argumentista lembra-me um rapaz que tenta seduzir uma rapariga. Telefona-lhe, convida-a para sair com ele, é muito tímido, vão ao cinema, depois vão tomar um copo, ele convida-a para ir a casa dele, quando chegam ele põe música, serve conhaque, diminui um pouco a luz. A rapariga sente-se bem, começa a deixar-se ir. O argumentista acaricia-a um pouco, desabotoa os primeiros botões da sua camisa... Nesse momento, o realizador chega, dá a mão à rapariga e leva-a para o quarto para terminar o trabalho."

Andrei Konchalovsky, realizador russo, no livro Les Leçons de Cinema, 2007

Gamado aqui.

Thursday, July 19, 2007

Pois, e eu vi uma vez a Vera Roquette no Jumbo

O mais-ou-menos-namorado da minha housemate é o dogwalker dos cães da Uma Thurman.

Wednesday, July 18, 2007

Este fim-de-semana....

.... Chicago espera-me. (a cidade, não o musical!)




(não sou grande fã de musicais e o Chicago nem é o meu género de filme, mas gosto deste "Cell Block Tango")

Tuesday, July 17, 2007

A Walk In The Park

Foto de M. Guiomar
Fui testemunha ocular dos seguintes acontecimentos nos diversos parques de NY:

- Um ursinho de peluche, sem um olho mas com um lenço bem apertado para colmatar a sua invalidez, espera que quem o esqueceu o venha buscar. Está sentado no banco com toda a calma pachorrenta do mundo, certo que quem se deu ao trabalho de lhe fazer tão dedicada “pala” já deve ter dado pela sua falta e vir a caminho;

- Uma banda de jazz chega todos os dias à mesma hora ao parque e fica perto de uma hora a tocar com uma mestria e felicidade inegáveis. No final, pedem a quem os esteve a ouvir para dar um dólar, porque gostavam de fazer uma digressão: querem ir tocar a um parque na Califórnia;

- Uma zona do parque está reservada aos jogadores de xadrez, que convidam quem passa a juntar-se a eles. Ao contrário do estereótipo que se possa supor, muitos deles acham-se uns engatatões. Perante a minha recusa em ir jogar com ele, um dos sujeitos pergunta-me prontamente “então e jantar?”;

- Um velho com a pele carcomida pelo sol pede a atenção dos presentes para o seu peditório. O destino do dinheiro é muito simples: ele quer ser presidente dos Estados Unidos em 2008 e precisa de fundos. A sua primeira medida – depois da mais que certa eleição – é voltar a instaurar a segregação racial. Vão ser 25 estados para cada lado, metade para os “civilizados” e metade para os “indesejados”;

- Um rapaz, com um joelho no chão e uma caixinha de veludo vermelha como manda a lei, pede uma rapariga em casamento. Ela não chora. Parva!;

- Um sem-abrigo insiste em querer vender-me os seus sapatos, provavelmente a última coisa que tem. Perante o meu olhar confuso, ele soluciona prontamente: “A si talvez não sirvam, mas pode sempre oferecê-los a um vizinho;

- Dois tipos aproveitam a tarde de Sábado para fazer lutas à Guerra das Estrelas. Com sabres. E roupas a rigor.

Sunday, July 15, 2007

Thank you, come again







Suponho que um dos motivos pelos quais neste momento me sinto tão em casa em Nova Iorque está relacionado com a autêntica febre amarela que se vive nesta cidade: a estreia do filme dos Simpsons. As acções de campanha são mais que muitas, mas nenhuma chega aos calcanhares da muito saudável proliferação de Kwik-E-Marts. Para quem não sabe (shame on you!), este é o supermercado/deli/loja-tipo-estação-de-serviço de Springfield onde Apu ganha honrosamente a vida. Este Verão, lojas de conveniência um pouco por todos os Estados Unidos foram transformadas em Kwik-E-Marts – o que quer dizer que vendem Squishee, Buzz Cola, Krusty O´s e outras formas comestíveis de diabetes lancinantes. Um pouco por toda a loja há personagens dos Simpsons, mas a verdadeira (e polémica) pérola é que todos os empregados são indianos vestidos como o Apu. Infelizmente, nenhum deles me disse o mítico “thank you, come again”.
Eu já comprei a minha caixa de Krusty O´s (que não tenciono comer) e a minha lata de Buzz Cola (que não tenciono beber, não vá eu um dia ainda querer ter filhos). O donut que vêm na minha mãozinha na foto em cima é o donut oficial do filme. Posso dizer-vos que nunca pensei na vida comer uma coisa mais doce do que açúcar refinado. Tem uma consistência entre a placa de amianto e a plasticina, o choque de açúcar quase adormece a língua e aposto que o interior do meu esófago vai ficar para sempre cor-de-rosa com pintinhas coloridas. Mas foram 99 cêntimos de pura felicidade para uma Simpsonanólica.

Mais sobre a iniciativa no blog oficial.


Duas semanas depois...


... o regresso a casa. Às minhas coisas, à minha sala. à minha cozinha, ao meu quarto. Foram 15 dias sem tocar no computador. Parece que tudo me aperta, desde os ténnis à roupa. Não é por estar mais gorda, mas habituamo-nos melhor a andar de havaianas e a não pensar no que vestir todos os dias. Tenho saudades do trabalho, mas deixei a água no Algarve a 22 graus e um tempo espectacular para vir encontrar uma Lisboa sombria e fria.

Thursday, July 12, 2007

O difícil parto do post sobre o Live Earth

(desculpem lá o testamento)


Antes de mais, vou esclarecer: eu acredito no possível poder de mudar as coisas de um festival como o Live Earth. É claro que move muito dinheiro, é claro que a mera organização de um concerto é de algum modo poluente, é claro que há (muitas) bandas que só alinham nisto para se promoverem. Mas eu acredito que um Live Earth pode fazer mais do que um Live Aid. Por um motivo muito simples: é uma maneira prática de mostrar a milhões de pessoas as pequenas coisas que elas podem começar a fazer já. A maioria da poluição tem causas industriais e não pessoais? Bem sei, mas isso não pode servir como desculpa de mau pagador para continuarmos na nossa vidinha como se não tivéssemos nada a ver com o assunto. A moral do Live Earth é simplesmente: “Curtam lá o Kanye West ou os Foo Fighters, desde que se lembrem de trocar a merda das lâmpadas quando chegarem a casa”. E isso já me parece qualquer coisa.

Uma maratona como o Live Earth é muito cansativa, apesar de nunca ter pontos mortos. Mas para o meu grau de cansaço só pode ter contribuído o facto do alinhamento de Nova Iorque não me dizer grande coisa. Enquanto Londres teve Madonna, Foo Fighters, Red Hot Chilli Pepers, Beastie Boys, Metallica ou o delicioso regresso dos míticos Spinal Tap, eu tive de gramar com uma dose de bimbice a dar para o country e de hip hop chapa-quatro. A experiência valeu a pena: eu não vi na televisão como toda a gente, estive mesmo lá. Histórico. Giro. E tal. Mas pronto, talvez não seja para repetir.

Uma coisa que os canais de televisão não mostraram – a RTP parece que não mostrou muito mais do que uma repórter aos pulos e o Aldo Lima a falar de ecopontos – foi que vários aviões com mensagens anti-Gore estiveram a sobrevoar o estádio dos Giants. Pareciam aquelas avionetas que sobrevoavam as praias de Cabanas de Tavira quando eu era miúda, mas em vez de “venha à feira de enchidos do Pagapouco” podiam ler-se coisas como “Don´t believe Al Gore: Demand Debate.Com”.

O palco era todo ele coberto com pneus coloridos. No meio havia uma estrutura giratória que fazia com que a música não parasse: o palco rodava e do outro lado estava uma banda já pronta a tocar. Era fofo se no Sudoeste também fizessem isso.
Quando entrou em palco o Leonardo DiCaprio houve berros e guincharia (chiça, até eu que não gosto do rapaz soltei um “ai, jazus!” quando o vi ali tão perto). E depois ele apresentou o Al Gore. E a gritaria (incluindo a feminina) foi ainda maior. Nunca esperei ver o dia que o o Senhor Gore seria um símbolo sexual. Yuck…

Entre bandas ainda havia algum tempo para ver vídeos com mensagens ecológicas. Aquele que foi provavelmente mais eficaz (corri o Youtube todo mas não o encontrei) consistia basicamente em três minutos de close up do rabo de vacas a defecar. Sim, espessos e portentosos pedaços de caca em vários tons de verde a sair em câmara lenta da respectiva “toca”. A mensagem era simples: o gás produzido pelas fezes dos animais para abate é uma das principais fontes de gases na atmosfera. Se cada pessoa abdicar de comer carne uma vez por semana, os gases diminuem dez por cento. That simple.

Descobri, por estar a trocar sms com várias pessoas de Portugal (doeu muito no roaming) que os concertos que aí se viam na TV estavam longe de ser em directo. A diferença era quase de duas horas. Ao ponto da Anne Martens me mandar um SMS a dizer: “Agora estou a ver o James Blunt em Londres. Ou então é um primo dele nas festas da Chamusca. Já não acredito na RTP”.

Ir a um concerto de estádio nos US of A fez-me perceber que se calhar quando as bandas vão a Portugal e dizem que somos um público maravilhoso estão mesmo a falar a sério. O público americano basicamente: 1) guincha quando o artista entra em palco como se quisessem chegar a decibéis que só os cães ouvem; 2) sentam-se no lugar (TODOS os lugares são sentados e marcados, até a relva, que era onde eu estava) e quase não dançam, pulam ou cantam; 3) guincham mais um bocado quando os artistas acabam. Pelo meio comem uns hot dogs e umas coisas.

De resto:
- A Melissa Etheridge tocou durante VINTE minutos a mesma música! Pelo meio falou pelos cotovelos. Começou por ser comovente, mas depois parecia mesmo que a qualquer momento ela ia começar a partilhar com o mundo a sua lista das compras ou uma receita de Pão de Ló. Foi um discurso extremamente político e de crítica aberta ao Bush, algo que mais ninguém fez.
- Zach Braff, Zach Braff, Zach Braff (não me lembro o que é que ele disse em palco, mas não interessa)
- o John Mayer é fofo!
- o Kanye West continua a ser o maior (até para mim que não ligo a muito a hip hop)
- a Jane Godall esteve em palco a imitar chamamentos de ajuda dos gorilas. Senti alguma vergonha alheia.
- os Bon Jovi foram a festa das festas. Eles tocaram o meu guilty pleasure “Livin’ On A Prayer”, por isso até se esteve bem (e descobri que NUNCA se deve dizer a um americano que não se gosta de Bon Jovi)
- os Smashing Pumpkis estavam lá claramente para promover o novo disco…. Cada vez mais acho que, infelizmente, o Billy está em vias de desenvolver um sindroma Axel Rose.
- O Roger Waters foi bem melhor do que eu estava à espera, incluiu coro de criancinhas de um bairro de New Jersey e um porco gigante insuflável que dizia “SOS: Save Our Saussage”.
- Ver os Police foi bem catita, apesar do Sting em algumas (breves!) partes ter desafinado ao ponto de parecer a minha gata Pimenta quando quer saltar para cima do gato da varanda vizinha e fazer-lhe um filho (eu sei que é ao contrário, mas a coitadinha é virgem e não sabe estas coisas). A reter: o baixista tinha uma correia no baixo com o Kenny do South Park cheio de sangue. O vídeo que tinha no post debaixo (e que já tiraram) era do momento final, o “Message In A Bottle”, ao qual de juntaram o Kanye e o John Mayer.

Num dos concertos, um jovem bêbado farto de aturar os AFI gritava para o palco “chiça, preferia estar em casa a trocar as lâmpadas”. Espero que quando o efeito do álcool passou ele as tenha trocado mesmo.

Sunday, July 08, 2007

No dia 7 do 7 de 07
(porque raio é que o blogger não me deixa fazer títulos???)

Quando eu estiver em condições, escrevo um post sobre o Live Earth de Nova Iorque. Para já, ainda estou a recuperar de ter estado perigosamente perto deste rapazolas:

Meninos e meninas, este é o Zach Braff. Diz "olá" aos senhores, Zach.

O melhor momento do concerto aqui. Apesar de já estarem uns velhotes.

Saturday, July 07, 2007

FAQ: "Então e em NY as coisas são muito caras?"

Preço de um litro do meu sumo preferido: 10 dólares (7.35 Euros)
Preço da caixa com todos os DVDs da mini-série "Anjos na América": 15 dólares (11 Euros)

Dar de comer ao espírito e à mente sai baratinho. Alimentar o corpanzil é que nem tanto. Vi uma vez num museu de história natural que a matéria prima dos CDs provem de uma planta, talvez não seja assim tão indigesto.



Plain White T's - "Hey There Delilah"


Obrigada à SG por ter mandado o vídeo. Esta música cá está sempre a dar e não fazia ideia de quem era.

Thursday, July 05, 2007

Born On The Forth Of July


Supostamente, o fogo-de-artifício comemorativo do 4 de Julho, dia da independência dos Estados Unidos, ia ser cancelado por causa do mau tempo. Desde o fim da tarde que chovia e chovia. Mas estava eu no meu quarto de volta dos meus afazeres quando começo a ouvir estrondos e palmas. Pela janela consigo perceber que ainda está a chover. Penso “que se lixe”, calço os ténis, pego só na chave de casa e saio completamente lançada.
Apesar do tempo, as ruas estão completamente cheias. Até os mexicanos que trabalham no Dunkin Donuts pararam o que estavam a fazer para vir cá para fora. Há mais polícias do que o habitual, alguns deles de telemóvel em riste a tirar fotos. Um tipo coberto com fitas de Natal dos pés à cabeça e com uma máscara de wrestling mexicana (tudo em red, white and blue) passa de patins. O fogo-de-artifício demora-se em cores e formas para todos os gostos. Também de todas as cores e formas são as pessoas que estão especadas a olhar para o céu e que, para mim, fazem também parte do espectáculo. Vou-me afastando cada vez mais de casa, até ir parar à 1ª Avenida, cortada ao trânsito. É aí que acabo de ver o fogo-de-artifício. E é também aí que me apercebo de duas coisas. Um, parou de chover e a minha roupa está a secar. Dois, só agora topei que vim para a rua de pijama.

Wednesday, July 04, 2007

Portuguese Do It Better

Parecendo que não, eu já deixei de estudar há alguns anitos. Talvez por isso, a ideia de voltar à escola pareceu-me até tentadora. Os coleguinhas, aprender coisas novas, ter um horário bem mais soft do que as 12 ou 15 horas que eu andava a trabalhar por dia. Aaaaah, era como voltar a ter uns 14 aninhos… Eu era feliz com 14 aninhos. Não me lembro bem do que é que andava a fazer, mas tenho ideia de ver desenhos animados e comer porcaria e pensar em rapazes e ser feliz. Está bem que gostava dos Bon Jovi, mas aparte disso era feliz.
Nos meus empregos em Lisboa eu tenho horários. De manhã, por exemplo, costumo entrar às 10h. Mas quem diz 10h, diz 10h10. Sem stresses. Na minha escola não é assim. As minhas aulas começam às 14h. E a essa hora certinha o professor entra e a porta é trancada. E não entra mais ninguém, temos pena. Mas são 25 anos da minha existência a ser portuguesa. 25 anos a comer bacalhau, expressar saudade, ter Amália na voz….e encarar de forma elástica essa coisa chamada “hora marcada”.
A minha primeira aula a sério começava então às 14h. Só que eu fui ao banco-dos-cheques-lindos e cheguei às 14h06. Agora ficas no átrio à espera do intervalo das 15h30 e é se queres, portuguesinha. Por sorte o prof teve de sair para vir gritar com uns miúdos broncos que estavam a fazer barulho no corredor e eu aproveitei para me desfazer em desculpas e pedir para entrar. Tudo bem, ele acedeu. Reputação restabelecida.
Às 15h30 parámos então para intervalo. E eu fui à casa-de-banho. E digamos que na casa-de-banho tive de despender mais tempo e dedicação do que aquilo que estava à espera. Moral da história: atrasada novamente, porta trancada. E eu a pensar como é que podia dizer ao prof “sabe, a comida americana é um bocado forte, e eu tenho uma cena no cólon e…”. Por sorte outro colega meu também se atrasou e ficou cá fora, por isso tive alguém com quem conversar enquanto esperava que a porta se abrisse para eu ir buscar a minha mochila feita refém. E qual era a nacionalidade do meu colega? Pois, é brasileiro. Coitados, quinhentos e tal anos depois e ainda estão a sofrer a nossa influência nefasta.

Tuesday, July 03, 2007

Testado Em Animais

Ainda no aeroporto de Lisboa, a poucos minutos de embarcar, descobri que o meu cartão multibanco do Millenium BCP (sim, o único que tenho... sim, o da conta onde está o guito todo...) tinha desmagnetizado.

Episódio 1
Parte A)
Ainda em Portugal, ligo para o apoio ao cliente. Sou obrigada a vaguear por uma multidão de menus tipo " se o seu cartão foi devorado por um babuíno anorético numa quarta-feira de cinzas, pressione 1". O embarque para o avião está a começar. Lá consigo chegar à fala com uma operadora. Explico-lhe a situação e digo que tenho urgência num cartão novo enviado para os Estados Unidos. A operadora explica-me que um cartão novo vai ser enviado para a minha morada de Portugal. Eu explico que isso não chega. Ela repreende-me por eu não ter avisado o banco que ia para fora (????). Diz que enviam um cartão para Lisboa e depois alguém da minha familia que o ponha no correio (correndo o risco de ser gamado ou de se estragar outra vez). Eu berro um bocado. A operadora claramente lê instruções de um papel. Eu berro mais uma beca, just for the fun of it. Desligo. Digo muitas asneiras. Das mesmo beras. A minha mãe ouve. Não diz nada. Ainda bem.

Parte B)
Ligo outra vez, agora já sabendo como evitar a opção babuíno anorético. Falo com outra operadora, mais simpática. Diz que em relação à morada do cartão não há nada a fazer, mas que posso pedir para me transferirem dinheiro via Western Union. Vá, do mal o menos.


Quando chego a Nova Iorque, vou passar a noite a casa de uns portugueses que moram em Queens. Qual não é o meu espanto quando saio da boca de metro e vejo...um balcão do Millenium BCP! A minha primeira reacção foi de felicidade pura com cores lindas e anjinhos e sininhos à mistura, seguida imediatamente por "então mas há BCP em Nova Iorque e aqueles filhos de uma ganda &$%# não ve avisam???". E aqui começa o...

Episódio 2
Parte A)
Vou ao banco perguntar se me podem ajudar. Fazem uns telefonemas. Com um ar pesaroso, o senhor diz-me "I´m really sorry". Gaita! Mas a frase continua "I´m really sorry, but this will take a week". Moral da história: cartão novo mandado directamente para os USA (porque ia mesmo precisar dele) e conta aberta nos Estados Unidos, com cartãozinho novo e tudo (o que me poupa quatro euros em taxas de cada vez que vou ao Multibanco). Pedem-me para voltar no dia seguinte para assinar papéis que vão chegar. Mais uma vez pedem-me desculpa por não me darem um cartão na hora. Não beijo o tipo do balcão por pouco.

Parte B)
Volto ao banco. Mal entro, tratam-me pelo nome e perguntam se estou a ter um bom dia. Sento-me assino uns papeis. Perguntam qual o meu sabor de ice tea favorito. O senhor vai lá fora comprar um "para compensar os dez minutos que tem de esperar". Tudo tratado depressinha, é só esperar pelos cartões e ligar na quinta para ter a certeza que está tudo OK. Para a minha nova conta nos USA oferecem-me um livro de cheques. Os cheques têm desenhos do Tom & Jerry e do Scooby Doo. Pondero outra vez beijar o senhor do balcão. Eventualmente com um pouco de língua.

O meu primeiro dia de aulas (parece que estou a escrever uma composição na Primária...)

Bom, antes de mais tenho de admitir que não consigo andar nas escadarias da escola sem me lembrar disto:
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Não há Leroy, ninguém dança nos corredores e não há musiqueta da Irene Cara. Mas é também ( e reparem no toque piroso) uma escola onde há sonhos. E por mais piroso que seja, impressiona-me ver pessoas que dizem "eu era gerente, demiti-me e vim para aqui porque quero ser realizador" ou "vendi tudo o que tenho para me mudar para NY para trabalhar em cinema" ou "eu tenho um curso de Direito mas por amor de deus salvem-me de ter de o usar". Hoje na aula de apresentação estavam 300 pessoas vindas literalmente dos quatro cantos do mundo - e isso por si só já é uma experiência do catano.
Nesta primeira fase (a tal das 300 pessoas) todas as turmas estavam presentes, independentemente do curso. Ora eu estou habituada a trabalhar num país onde a pessoas que escreve é a parte mais baixa da cadeia alimentar. Por isso imaginem o meu espanto quando o orientador geral diz "o mais importante de tudo é a história. Sem isso não têm nada. Os alunos que estão aqui para guionismo têm de ter a noção de que têm provavelmente o papel mais importante no filme". Hum, será que eu posso dar o número de telefone deste senhor americano a alguma da malta com a qual eu tenho trabalhado nos últimos anos?

Monday, July 02, 2007

Live From New York - 1

Os americanos (ou talvez sejam só o nova-iorquinos) são um povo que me confunde. Por um lado há toda a carga de “ah, são burros e snobs e gostam de declarar guerra a tudo o que mexe”. E depois há as experiências que tenho tido desde que cheguei. As pessoas que me perguntam de onde venho e que depois me brindam com um surpreendente “Portugal? Cool! Lisbon or Sintra?” ou um “off course I know it. Cristiano Ronaldo is amazing”. O homem que me viu cheia de bagagem em Queens, estacionou o carro e saltou literalmente para o meio da estrada a esbracejar até um táxi parar. A rapariga da farmácia que quando viu que me faltava dinheiro tratou logo de aldrabar a minha conta para eu não ter de pagar tanto.

Os americanos também são um povo que, por mais bandeirinhas que acenem, é capaz de gozar com ele mesmo. Ontem tive a experiência de ir ver o novo filme do Michael Moore, “Sicko”, numa sala a rebentar pelas costuras com americanos. Riram-se, reagiram e bateram palmas no fim. E deram o braço a torcer de que não são os melhores em tudo. Foi estranho ouvir as palavras de incredulidade quando no filme apareceu um francês que esteve três meses de baixa e a receber o salário à mesma. Para um americano, que paga balúrdios por um seguro de saúde e tem 15 dias de férias num ano, é um mundo à parte.

Ontem dei finalmente entrada naquela que vai ser a minha casa durante dois meses. É pequenina e antiga (a lembrar-me a minha casa de Lisboa), mas tem uma localização óptima. Para quem conhece Nova Iorque ou é fã do Spiderman, fica a três quarteirões do Flat Iron Building. Na minha rua já foram filmadas cenas de filmes como o Quase Famosos ou o Idade Da Inocência. Um sítio catita, portanto.
A rapariga com quem estou a dividir casa é uma porreira. É produtora de filmes independentes e totalmente descontraída. Mal cheguei conheci logo duas amigas dela, incluindo uma rapariga judia. Mas judia como as que se vêem nos filmes. Torturada porque quer ser cantora mas a religião dela diz que os homens não a podem ouvir cantar. Ofereceu-nos um CD com as canções dela, que tirou de um enorme saco. Os outros eram para distribuir na rua, sem saber muito bem se os havia de dar a homens ou não. Ouvimos algumas músicas (bem boas, por sinal), ao longo das quais ela nos ia explicando que as letras que pareciam de amor eram na verdade sobre o Deus dela. Confessou-nos que tinha chorado ao gravar muitas delas. E depois de uma pequena pausa acrescentou “mas também, estava TÃO charrada”. Dito isto arregaçou a manga da sua veste típica e mostrou um moderno adesivo de nicotina: “mas estou a deixar”. Despediu-se dizendo “thanks for listening to my music. This was the best day of my life…again”. E explicou que é assim que encara a vida: cada dia é sempre o melhor. Pareceu-me um óptimo mote para estes meus dois meses em Nova Iorque. Só dispenso os charros, que dão-me a volta à barriga.