"Devias estar aqui...

... rente aos meus lábios
para dividir contigo esta amargura
dos meus dias partidos um a um

- Eu vi a terra limpa no teu rosto,
Só no teu rosto e nunca em mais nenhum"

(Eugénio de Andrade)

Daqui Posto de Comando

Cheguei a trabalhar quase dois anos no estúdio onde foi lido este comunicado. Na altura, já pouco ou nada tinha a ver com o estúdio mítico e era apenas um como tantos outros, repleto de cartazes coloridos e a fazer soar música pop para esse país fora.
No final do ano passado esse estúdio foi deitado abaixo em menos de uma manhã. Agora é parte de uma sala de reuniões moderna e funcional e não há sequer nada que o recorde naquele espaço físico (o conteúdo original está no Museu da Rádio...que fechou para talvez nunca mais abrir). Acho que não há vez nenhuma que lá passe em que não me demore pelo menos uns segundos a recordar-me do estúdio e a ouvir mentalmente "daqui posto de comando do movimento das forças armadas". Mesmo que, afinal, eu esteja apenas especada a olhar para um informático musculado e mal-humorado que me grita com a sua sopinha de massa "mas estás a olhar para onde, pá?".

... Sempre

Actualização às 19h50 de 25 de Abril de 2007:

Hoje, vi no canal História, o meu professor Adelino Gomes contar o que Salgueiro Maia lhe disse quando estava à porta do Quartel do Carmo à espera da rendição de Marcello Caetano: "estamos aqui hoje para que ninguém mais tenha de sair de Portugal pelo que escreve, pensa ou sente".

Hoje, vi na RTP1 Catarina, filha de Salgueiro Maia dizer: "Se o meu pai fosse vivo, fazia outra revolução."

Eu acho que a Catarina tem razão.

Red, red wine

A minha casa fica na mesma rua daquele que é, provavelmente, o restaurante de Lisboa com a melhor relação qualidade/preço (preço, sobretudo) para se apanhar uma carraspana das antigas. Por uma nota das pequenitas carimba-se o passaporte para um bonito mundo com vinho a martelo e cerveja suficientes para encher um camião-cisterna.
Esta proximidade geográfica ensinou-me uma coisa: os bêbados são todos rigorosamente iguais. A malta que está neste exacto momento a cantar debaixo na minha janela tem zero diferenças em relação à malta que ocupava aquele mesmo espaço ontem - e é uma cópia exacta dos que cá estarão amanhã.
Todos os bêbados acham que são uns “ganda malucos” – e, logo, originais. Lamento partir esse coração alegremente bombando Casal Garcia, mas não são. As músicas que cantam são as mesmas (música de tunas e cantigos de futebol têm a categoria A de rotação desta playlist), os gritos não variam grande coisa e até mesmo as visitas da polícia ou as cadeiras a voar só causam bocejos. E agora com licença que vou ali à janela ver um puto a vomitar a sua t-shirt da Pull’N’Bear toda. Já que não me deixam ouvir a Oprah, tenho de me divertir de outra maneira.

Em estágio, volume 11

Ryan Adams (por amor de deus não lhe acrescentem um "B" no nome!), "New York"

O dia do livro

Ray Bradbury tem um livro espantoso chamado “Fahreneit 451”. A história conta como a sociedade do futuro lida com os livros: queima-os. Os bombeiros já não apagam fogos. Em vez disso, ateiam-nos com livros. Derretem-nos para que ninguém se deixe corromper com as histórias e as vidas que neles encerram. Há um bombeiro que se revolta e descobre que há quem viva para perpetuar os livros. Pessoas que decoram os livros para que eles não se percam nas chamas dos loucos que se dizem homens do futuro. Se fizesse parte desta sociedade secreta, o meu contributo seria com “Admirável Mundo Novo” de Aldous Huxley. Porque gosto de histórias que falam de pessoas que fazem a diferença.

A graça do Simão

You give me (grace)
In a world that doesn't sleep at all
You give me (grace)
It's a place I've never been before
You give me (grace)
And in all of the confusion you're the peace in my soul
That's why I will never really be alone

Suddenly, I'm up on the surface now where I can see
And picture the person who I need to be
And I know, yes I know I can make it
See me now, I'm slowly rising up

Well yeah, these are difficult times
These are difficult days
But I know we can face it
Ours are difficult lives
In a difficult place
Oh you give me grace to say when I got it wrong
The grace and the will to carry on
Reaching out I feel I'm rising up


Simon Webbe - "Grace"

Os acontecimentos na Virginia Tech University...

... lembraram-me o melhor livro que li o ano passado.


O diário de uma mãe cujo filho matou os colegas de liceu. É humanamente impossível arrepiar mais do que a realidade, mas anda lá tão perto que aleija. Aconselho muitíssimo, apesar de ser um enxerto de porrada feito de papel e lombada.

A Ternura dos 25

Enquanto ouvia os Artic Monkeys a berrar "(you´re) dancing like a robot from 1984" apercebi-me que, para eles, aquele é um ano longínquo. Em 1984 estes meninos rabinos que lideram tops e esfrangalham palcos como gente crescida ainda nem eram nascidos. Man, I´m old...

Para conferirem em "I Bet You Look Good On The Dance Floor". Uma grande canção de engate descomprometido.

Um nojo de pessoa, é o que esta vossa amiga é

Hoje deu-me vontade de rir porque vi um tipo sem pernas a pedir à porta de uma loja que só vende meias.

Em estágio, volume 10

Baseado nos tiroteios na universidade de Virginia, numa ideia gamadíssima ao Mestre Phil.





David Bowie (com Trent Reznor dos Nine Inch Nails), "I'm Afraid Of Americans"

Em estágio, volume 9

Nem o Al Gore avançava com aquilo se eu não aparecesse

Se eu não tiver feito um cocó dos valentes com a compra online, dia 7 de Julho lá estarei.

Infelizmente, o de Nova Iorque nem é dos que tem o cartaz que mais me titila. Londres é que era. Mas chiça, mesmo assim tem o seu quê de histórico!

A vitoria do fim de semana

Vou tirar o edredon da cama e já consigo dormir sem meias. A primavera está aí... amanhã, o casaco de penas fica em casa.

Em estágio, volume 8

Hoje, ao pequeno-almoço.

Em estágio, volume 7

A busca de casa em NY voltou à estaca dois (não digo "zero" porque ainda há esperança), o que me leva de novo ao fantástico mundo dos sites com anúncios a pedir roomies. Desde malta que não coloca fotos da casa mas exibe fotos de si próprio em poses sexy, até rapazinhos que querem uma moça que funcione como mulher-a-dias (ah, ah, ah, fofos! É por causa de tansos como este que eu dou a tanga que sou "clean"), há de tudo um pouco.

Em cima, os U2 com "Angel of Harlem". Porque a ver pelos preços nos anúncios, este parece ser o único bairro para o qual eu tenho budget...

O poeta do momento

Tem nome de jogo de computador mas não importa. Tem tudo o que os grandes poetas têm: um passado com drogas, álcool, sexo e muito rock n’roll. Aprecia futebol e dedica-se às causas em que acredita.

Umas vezes recluso, outras bem público. Não lhe invejo a mulher que lhe passa a mão na rasta até porque quem o faz sentir como “um gigante de dez metros” *, deve ser mesmo especial. Que continue a passar a mão pelo cabelo do Pac por muitos e “belos dias na descontra”.

* In "Dialectos da Ternura"

Sou só eu...

...ou é um bocadinho irritante trabalhar 13,14,15 horas por dia e ainda ouvir bocas de que não nos andamos a esforçar?

É, não é?

Pronto, só para saber.

As minhas amêndoas de páscoa

Larguem os foguetes! Lancem o confetti! Liguem às pessoas de quem gostam! Os Travis estão de volta. “The Boy With No Name” é já o álbum numero 5. Chega a 7 de Maio. Faltam 29 dias.



Keep waking up (waking up)
Without you here (without you here)
Another day (another day)
Another year (another year)
I seek the truth (seek the truth)
We set apart (we set apart)
Thinking of
A second chance (a second chance)

And when I see you then i know it will be next to me
And when I need you I know you will be there with me
I'll never leave you

Just need to get closer, closer
Lean on me now
Lean on me now
Closer, closer

(p.s.: há poucas coisas que me fazem falta na música. Os Travis fazem parte disso. Estava mesmo com saudades.)

Em estágio, volume 6

LCD Soundsystem, "North American Scum"

Sobre a metafísica das burocracias, volume 1

O departamento responsável por arranjar casa para os futuros alunos da New York Film Academy mandou-me hoje um formulário (mais um, porra?!) para preencher. O objectivo é ajudar o aluno a arranjar casa, daí o ter perguntas como "está disposto a partilhar o apartamento" ou "quanto guito tem para gastar, seu pobretanas que viverá de pacotes de Cheetos e água da torneira".
Até aqui tudo normal. O que me chamou a atenção foi o facto de uma das perguntas ser "é desarrumado ou asseado?". Isto perguntado só com a hipótese de se por uma cruzinha do "clean" ou no "messy". Sem meias medidas. Sem dar hipótese a dizer "bom, eu até me esforço mas às vezes lá aparecem umas meias sem par debaixo da cama, desculpe lá qualquer coisinha". A divisão é claríssima: ou se é um porco, ou se é um paranóico das limpezas. Não vale saltitar entre uma equipa e outra.

Quem leia este blog com atenção já deve ter percebido que lida da casa não é coisa que me estimule particularmente (é ir ao Arquivo e procurar posts sobre o facto de um passar um mês com loiça por lavar). Mas claro que pus que era "clean". Que raio de hipótese é que eles me davam?! Mas será que algum preguiçoso como eu vai ter lata para assumir que prefere ver TV Shop no sofá a aspirar a sala, correndo assim o risco de não ter ninguém com quem rachar as contas da casa? Mas a malta que faz estes questionários GOSTA que lhe mintam?

A resposta é: sim, gosta. Porque depois lembrei-me que estamos a falar do povo que no avião que leva estrangeiros aos seus States os obriga a preencher um papelinho verde onde duas das perguntas que ingenuamente esperam uma resposta verdadeira são (e não estou a inventar!) "pertenceu a algum partido nazi depois de 1944" ou "alguma vez cometeu genocídio". Hitler a bordo de um voo para Newark? Catadíssimo, ia logo admitir a sua mala-pata com os judeus.

Portanto: eu adoro esfregar bidés e nunca dizimei com uma sachola um povo inteirinho.

é só para dizer que...

... o cheiro a terra molhada às seis da manhã é algo que toda a gente devia sentir.

Em estágio, volume 5

King Kong , alegremente no topo do Empire State Building (filme original de 1933, colorizado em 1989)