A Dona Florinda
É impossível não dar pela presença da Dona Florinda, mesmo que ela ainda esteja a três salas de distância da nossa. Corpo robusto de mulher angolana, voz a condizer, pano colorido na cabeça, esfregona a andar a uma velocidade inversamente proporcional à da sua conversa ineterrupta. Não há quem escape à sua por vezes sufocante avalanche de simpatia, seja a vedeta nacional que veio para uma entrevista ou o funcionário novo que ela jura ser "igual ao Cláudio Ramos, mas mais bonito e sem lá aquelas coisas dele". É uma daquelas pessoas que coloca sempre a sua vida num livro aberto, mesmo que não haja em seu redor alguém com pachorra ou tempo para o ler.
Hoje disse-me que há uns poucos meses o marido deixou-a - e a Dona Florinda, sem perder tempo, estava já a preparar uma dose reforçada "dos comprimidos do médico da cabeça" para acabar de vez com o sofrimento. "Menina, eu até andava aí a chorar nos corredores, que o meu marido era daqueles que nem me batia nem nada". Assegura que o que a salvou foram os conselhos "das meninas jovens daqui da rádio", porque "a juventude é que sabe dar bons conselhos, os cotas só querem saber do trabalho e não ajudam nada. Se as meninas não me fizessem ver as outras coisas eu tinha-me matado, que a minha vida não é só empurrar uma esfregona". Prometeu que um dia ainda vai agradecer publicamente esses conselhos de "arranjar outro gajo". Publicamente? "Ah, eu tenho um programa lá na RTP África". E lá seguiu ela para limpar a casa-de-banho.
Hoje disse-me que há uns poucos meses o marido deixou-a - e a Dona Florinda, sem perder tempo, estava já a preparar uma dose reforçada "dos comprimidos do médico da cabeça" para acabar de vez com o sofrimento. "Menina, eu até andava aí a chorar nos corredores, que o meu marido era daqueles que nem me batia nem nada". Assegura que o que a salvou foram os conselhos "das meninas jovens daqui da rádio", porque "a juventude é que sabe dar bons conselhos, os cotas só querem saber do trabalho e não ajudam nada. Se as meninas não me fizessem ver as outras coisas eu tinha-me matado, que a minha vida não é só empurrar uma esfregona". Prometeu que um dia ainda vai agradecer publicamente esses conselhos de "arranjar outro gajo". Publicamente? "Ah, eu tenho um programa lá na RTP África". E lá seguiu ela para limpar a casa-de-banho.
2 Comments:
Tão fixe :-)
Sorri :)
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