Taxi Driver
Conforme me aproximava da praça de táxis, achei logo a agitação em torno do primeiro carro da fila peculiar. Um brasileiro e um angolano, olhando para o interior do porta-bagagens do táxi do primeiro, conversavam de modo algo sorrateiro mas animado. "Bolas, querem ver que o tipo anda a vender alguma coisa marada, um tráfico qualquer?", pensei ao ver tanto contentamento em torno de uma bagageira. Ao que oiço o brasileiro a dizer "e se você fechar assim depressa com a cabeça do cara do lado de dentro, você o mata num instante". Ao exemplificar fechando a bagageira numa pancada seca e sonora, o brasileiro vê-me pela primeira vez. Enquanto o angolano se pira, o meu táxista faz-me um grande sorriso e diz "entre, moça. É para onde?". O medo da figura fez-me inexplicavelmente entrar para o táxi o mais depressa possível, mas tive de esperar alguns eternos segundos até ganhar coragem (ou estupidez) para lhe dizer a minha morada.
Cheguei agora mesmo a casa. Estou sã e salva, obrigada.
Toda a viagem foi surreal. O tipo tinha um leitor de dvds portátil no tablier e veio a ver concertos de bandas brasileiras, mudando várias vezes de disco e lidando com o comando com a mestria que lhe faltava para lidar com o volante. Enquanto ele cantava, chegando a fechar os olhos nas partes mais sentidas das músicas românticas, eu equacionava pela primeira vez com seriedade a hipótese de tirar a carta.
Cheguei agora mesmo a casa. Estou sã e salva, obrigada.
Toda a viagem foi surreal. O tipo tinha um leitor de dvds portátil no tablier e veio a ver concertos de bandas brasileiras, mudando várias vezes de disco e lidando com o comando com a mestria que lhe faltava para lidar com o volante. Enquanto ele cantava, chegando a fechar os olhos nas partes mais sentidas das músicas românticas, eu equacionava pela primeira vez com seriedade a hipótese de tirar a carta.
4 Comments:
O universo do taximetro e tudo o que está geograficamente para trás (ou frente, conforme a perspectiva) dele, sobretudo nas grandes cidades, tem em mim um simultaneo efeito de fascínio e temor. São incontáveis (e muitas delas contadas... também ninguém acreditava!) as viagens de 5, 10 ou 15 minutos com mais peripécias do que um filme de duas horas do Jackie Chan contracenando directamente com o Jack, O Estripador!...
ainda vais mas é eskrever o "casos de polícia"...
jakynne :p
Então ficaste sem saber qual era a técnica usada pelo angolano?
Qual é o problema de vcs, artistas, tirarem a carta? N consigo perceber...
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