Caiu-lhes mesmo alguma coisa na pinha: o epílogo

Eu não queria. A sério que não. Não estava de todo nos meus planos achar um livro do Astérix uma fumegante pilha de esterco. Mas a verdade é que Uderzo perdeu mesmo a cabeça - e não digo isto no gozo, estou mesmo a considerar que o senhor ficou senil.
A história é inexistente, as ousadias (que poderiam até ser interessantes se bem defendidas) ficam-se pelo ridículo, as páginas seguem-se sem detalhe, sem propósito, sem humor. O título criava alguma antecipação: pela primeia vez, os gauleses iam ser confrontados com a queda do céu nas suas cabeças, a única coisa que lhes causa pânico e da qual os romanos até poderiam tirar alguma vantagem. A ideia acaba por nem ser explorada e o título do álbum podia facilmente ser outro.
Passado o choque inicial, até poderia ter dado o benefício da dúvida à tal invasão de extraterrestes. Mas como justificar um tal de "Abelhita", filho bastardo fruto de uma orgia entre a Abelha Maia, o Rato Mickey e o Teletubbie roxo? E como perceber que raio fazem Super-Homens por todo o lado?
O livro pretende ser uma homenagem ao irmão de Uderzo e ao Walt Disney. Umas florzinhas frescas na campa tinha sido melhor. Quanto ao Uderzo, o melhor é largar a tinta da china, pôr uma manta nas pernas e ir ver televisão. Sossegadito. Antes que no próximo livro o Astérix apareça vestido de morcego.

PS: Ontem li de enfiada "Astérix Legionário", "Astérix e os Godos", "Volta À Gália" e "Astérix, o Gladiador". Única maneira de conseguir voltar a ter respeito por menires e javalis.