O vizinho, a mulher dele, o polícia e a conta de roaming
Estava eu muito descansadinha da vida a gastar nos saldos do Soho os dólares que tinha e que não tinha (muito obrigada, senhores do Millenium BCP, por continuarem a ser o pior banco de sempre), quando o meu telemóvel toca. Segundo o visor, estão a ligar-me de dentro da minha casa. Na qual só moro eu, que estou a milhares de quilómetros de distância, nesse subúrbio chamado Manhattan. Atendo e do outro lado uma voz grave explica-me em primeiro lugar que não se trata de uma brincadeira, mas de um assunto muito sério. Pelos vistos, era a PSP. E, pelos vistos, eu tinha sido dada como desaparecida. Enfim, fui uma Maddie durante alguns instantes, mas sem vídeos com fotos minhas ao som de Simple Minds a passar em loop na SIC. O meu soberbo vizinho de cima, ainda a remoer o facto de eu ter feito queixa dele por violência doméstica há uns meses atrás, aproveitou o facto de eu ter deixado propositadamente as luzes e rádios acesos na minha ausência (têm havido muitos assaltos na zona) para ligar para a polícia a dizer que estava a morrer de preocupação. Que não sabia nada de mim há dias, vejam lá o desgosto. Que achava que eu tinha caído no banho, que horror. Aliás, os quarentões toxicodependentes e bêbados que espancam mulheres são conhecidos por este lado solícito e fofinho. Resultado: a polícia partiu o vidro da minha casa-de-banho, entrou-me em casa, gamou-me rebuçados Flocos de Neve e ligou para toda a minha família. O assunto lá se resolveu, com dois agentes da polícia a arrancarem a minha irmã da cama e a pregar-lhe o cagaço de uma vida. Agentes esses que lhe asseguraram terem ficado muito entusiasmados com a minha extensa colecção de DVDs, assim como com o meu chefe/vizinho que foi lá dar uma ajuda (“sabe, estava lá um senhor da televisão”). Entre vidros, roamings e outros que tais, a brincadeira já me vai em 400 euros. E o meu vizinho? Não faço ideia, nunca mais o vi. Acham que ligue para a bófia?
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