O regresso à Sala 114
Nove anos depois,voltei à faculdade. Não vou estudar. Pelo menos, para já. Dois antigos professores esbarraram comigo na rádio e lançaram-me o desafio de dizer umas coisas sobre o que faço. Depois do pânico, veio a vontade de fazer o que me pediram. Hoje foi o dia. Passaram nove anos desde a última vez que entrei na faculdade. Ao voltar, encontrei tudo diferente. Menos gente, paredes de outra cor e o átrio onde tantas vezes conversei com a Rita, a Cláudia e a Denise é agora uma sala de aula. Elas também não estavam lá mas hoje foram comigo na alma até ao bar. Chegou o momento da aula. Apresentei-me. Falei de mim e de como foi andar naquela universidade. Expliquei o que faço e percebi que é aquilo que eu sou. Abri-lhes o meu coração. Tudo ficou mais fácil. À tarde, fui à baixa de Lisboa fazer uma entrevista ao gerente do Martinho da Arcada com vista para o Tejo. A mesa do poeta lá está. Café, copo e um livro sobre ele. Diz-me o dono do restaurante que se puser lá uma obra de Pessoa, é sinal que vai “viajar”. Vai viajar dentro do bolso de alguém. No fim, um mini-lanche. Perguntei quanto era. O empregado disse que “não é nada”. Sorri. Sorri até casa. O Fernando Pessoa ofereceu-me um café e um pastel de nata. Tudo está melhor.
2 Comments:
Há dias bonitos!!
:)
Há uns meses, pediram-me para fazer o mesmo. Não na minha faculdade (com a qual não tenho hoje qualquer relação - foi um "desamor" de parte a parte), mas na ES Com.Social. De repente, olhei para a sala e acabei por ver três dezenas de "mim's", com aquela idade e com, basicamente, tudo pela frente. O meu "lanche oferecido", nesse dia, foi sentir que aquilo a que não dou tanto valor assim o dia-a-dia, porque o faço quase mecanicamente (as reportagens, as peças, as entrevistas, os textos, etc.) serviu de inspiração para esses 30 "eu's". Também voltei com um sorriso para casa.
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