Plop!

Houve vários motivos que pesaram na minha decisão de querer vir para Nova Iorque durante dois meses. Mas não tenho ilusões: o principal foi querer (ou será antes precisar?) de viver numa bolha durante dois meses. Afastada da minha vida de Lisboa, a morar numa cidade gigante que consome todos os sentidos, com uma diferença de fuso horário que me torna quase incontactável em várias horas do dia. Para assim poder respirar, pensar, baralhar e voltar a dar.

Mas também não tive a ilusão de que viver numa bolha fosse sempre fácil. Nestes últimos dois meses, tive amigos que se casaram, que foram pais, que se tornaram famosos, que estrearam peças de teatro, que se demitiram, que acabaram relações, que se apaixonaram. E eu não pude fazer mais do que assistir a um oceano de distância.

Não foram dois meses solitários, mas foram dois meses de introspecção (nunca fui dada a fugir para a India para me vestir de laranja e rapar o cabelo, tinha de ter outra solução). Dois meses nos quais se fica, necessariamente, diferente - porque há demasiada coisa a pôr-nos à prova. E somos só nós e a bolha.

A minha bolha rebenta amanhã. Ainda havia oxigénio lá dentro para aguentar mais algum tempo.