Teoria da conspiração

Ligo o rádio. A música que está a dar lembra-me de ti. Os dedos mexem-se mais depressa do que o cérebro em direcção aos botões. Mudo de estação. Mais uma vez, a música é sobre ti. Repito a experiência com resultado semelhante duas ou três vezes. E quatro. E cinco. E seis. E desisto. Passo os olhos pelos CDs. Descubro que já nenhum deles é inofensivo. O zapping pelos canais de televisão também não ajuda: a tua série preferida, aquele programa parvo que me confessaste ser um guilty pleasure, um personagem de telenovela com um nome igual ao teu, aquele anúncio com o qual tu gozas sempre. O livro que está no topo da minha pilha da mesa de cabeceira foste tu quem mo emprestou. Resolvo seguir para o cinema, pensando que tudo correrá bem se evitar comédias românticas. Mas posso jurar que te vi a correr lá atrás numa das cenas da “Guerra dos Mundos”.